segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O concurseiro e o mamute

Certo dia uma senhora me procurou em busca de orientação. Ela queria ouvir minha opinião sobre em qual concurso se inscrever e que carreira pública seguir. Contou-me que era divorciada, tinha dois filhos e acabara de concluir o curso superior em Psicologia. Perguntei-lhe sua experiência profissional, e ela me disse: “NENHUMA”. Até então, ela nunca trabalhara, e sempre vivera para o esposo e os filhos. Só depois da separação conseguira finalmente ingressar na faculdade e concluir, com louvor, o curso superior. Cansada da “vidinha” de pensionista e de “mãezona”, agora queria trabalhar e viver a vida com os benefícios e as vantagens de ter o governo como patrão. Eu quis, então, saber sobre sua vocação e áreas de afinidade. Ela me informou que gostava de ler e que tinha muita facilidade com o estudo da legislação, do Direito. Também gostava de escrever. Indaguei acerca do tempo que ela teria para os estudos. Ela respondeu que tinha disponível o período da manhã e parte da noite.

Após algum tempo de conversa e de muitas perguntas e respostas, ficou construído o perfil da candidata. Apresentei-lhe algumas opções de concursos, falei sobre os cargos, as responsabilidades, os benefícios, os requisitos e as expectativas de progressão funcional e de promoção nas carreiras. A cada alternativa que eu expunha, a senhora – agora nossa aluna e futura servidora pública – impunha dificuldades e enormes obstáculos – todos inverossímeis, irreais, inexistentes – para justificar sua incapacidade ou impossibilidade de passar no concurso sugerido. Eu, sem mais argumentos para convencê-la, apelei para uma história infantil que certa vez me contaram.

Era uma vez um mamute órfão que fora criado por uma família de gambá. O animal crescera com hábitos de gambá – dormia de cabeça para baixo, alimentava-se de insetos e somente saia para caçar à noite. Tinha plena certeza de que era um gambá e comportava-se como tal. Certo dia, ao avistar um abutre, fingiu-se de morto – os abutres não atacam presas inertes. Os outros animais, observando aquela cena, perguntaram-se como um animal de l0 toneladas e com mais de 4 metros de altura podia ter medo de ser capturado pelas presas de um simples abutre?

O que eu pretendia demonstrar com a pequena história infantil era que todo mundo pode ser aprovado em concurso público, que as pessoas mais bem-sucedidas não são necessariamente as mais inteligentes, as melhores, as mais fortes, as mais rápidas, as mais brilhantes, mas, sim, as mais confiantes e persistentes. São aquelas que estabeleceram uma meta – passar em concurso público –, acreditaram nesse sonho e criaram as condições favoráveis para que todo o universo conspirasse para a concretização desse objetivo. Se você tem plena convicção de que é fraco e incapaz, você será fraco e incapaz. Mas, se acredita ser forte, se enxerga em si mesmo capacidade, logo desenvolverá essas virtudes. Então pare de dar justificativas e de inventar desculpas. Pare de alegar que não consegue passar em concurso público. Acredite que você é um vencedor, alguém com potencial, inteligência e disciplina para conquistar o que quiser.

A senhora ainda me encarava com olhar inseguro. Aproveitei para também narrar uma passagem bíblica muito oportuna. Um dia, Noé caminhava pelo deserto quando ouviu a voz do Senhor, que lhe delegava uma missão: construir uma grande arca e colocar dentro dela um casal de cada espécie de animal. “Como concretizar tamanho projeto sem dispor de ferramentas, materiais e pessoal?”, perguntou um atônito Noé. O Senhor respondeu: “Comece, e eu o ajudarei.”

Portanto, se você, caro leitor, quer começar a estudar para concurso, mas está indeciso, com medo, inseguro, comece assim mesmo. Certamente, ELE o ajudará a alcançar o seu objetivo: a aprovação com a desejada classificação. 



J. W. GRANJEIRO
Diretor-Presidente do Gran Cursos

Disponivél em: http://www.grancursos.com.br/portal/OBPortal2008/home/Palavra-de-quem-entende-O-concurseiro-e-o-mamute.php. Acessado em 01/02/2010 ás 22h30.

Nenhum comentário:

Postar um comentário