terça-feira, 27 de julho de 2010

Brasília tem primeiro banco genético de mamíferos silvestres da América Latina

A experiência pode significar a salvação para muitas espécies ameaçadas de extinção. A meta inicial é reproduzir 50 espécies brasileiras que correm o risco de sumir da natureza.


O laboratório do zoológico de Brasília montou o primeiro banco genético de mamíferos silvestres da América Latina. Essa experiência pode significar a salvação pra muitas espécies ameaçadas de extinção.

Vida animal a -196ºC. A tecnologia permitiu a criação de um banco genético de animais silvestres. Para os cientistas, a chance de salvar espécies ameaçadas.
“É uma maneira de aumentar a conservação e possibilitar, viabilizar no futuro, que a gente consiga novos indivíduos, aumentar a reprodução em cativeiro e talvez até reintroduzir esses animais na natureza”, explicou a veterinária Gláucia Mansur.
O processo é o mesmo de uma inseminação artificial de humanos. O sêmen dos animais fica guardado. As fêmeas são avaliadas e, no período hormonal mais fértil, os veterinários fazem a reprodução assistida. Colocam o sêmen ou o embrião produzido em laboratório no útero da fêmea.
A meta inicial é reproduzir 50 espécies brasileiras que correm o risco de sumir da natureza. Os primeiros filhotes devem nascer até dezembro: uma jaguatirica e um cachorro-do-mato vinagre, parecido com um cachorro doméstico. Resultado da primeira reprodução assistida da América Latina de mamíferos silvestres.
O banco genético vai guardar também células-tronco para tratamento, clonagem e pesquisa com animais. E vai ajudar na preservação de espécies originárias de outras regiões do planeta.
No zoológico de Brasília, há animais que não existem mais fora do cativeiro. O bisão e antílope adax estão praticamente extintos e agora ganham uma nova chance. Com o banco genético, basta uma fêmea da espécie para garantir a preservação.
“Enquanto tiver uma placenta no planeta Terra, a vida sempre vai achar um caminho”, afirmou o diretor do Zoológico, Raul Gonzalez.


Disponivél em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/07/brasilia-tem-primeiro-banco-genetico-de-mamiferos-silvestres-da-america-latina.html. Acessado em: 28/07/10 ás 23:10.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vacina sem agulha. Literalmente o fim da picada!

Tomar vacina é um trauma para algumas pessoas, que consideram a picada da agulha é um "terror". Mas e se fosse possível tomar as mesmas vacinas sem a picada da agulha? Parece brincadeira, mas não é. É literalmente "o fim da picada".


De acordo com as pesquisas da Georgia Tech e da Emory University, um emplastro que inclui centenas de agulhas microscópicas que se dissolvem na pele, pode ser a solução definitiva para vacinas e alguns tipos de injeção. Com ela, qualquer um, mesmo leigo, poderia administrar uma vacina com facilidade e sem dor.
"Nesse estudo, nós mostramos que o emplastro com agulhas microscópicas pode vacinar contra Influenza no mínimo com a mesma eficência e provavelmente melhor do que a tradicional agulha hipodermica", disse Mark Prausnitz, professor de Engenharia Química e Biomolecular da Georgia Tech School.

Será o fim da picada? Vamos esperar os próximos meses, quando a vacina deve começar a ser mais usada nos Estados Unidos. A idéia é boa hein...?

Disponivél em:http://msn.techguru.com.br/vacina-sem-agulha-o-fim-da-picada.htm

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Gêmeos idênticos têm a mesma impressão digital?

Curiosamente não. E isso deixa a gente com a pulga atrás da orelha, já que os gêmeos idênticos (ou univitelinos) são clones perfeitos, eles têm o mesmo DNA. Afinal, são formados quando um único óvulo, fecundado por um espermatozóide, se divide em dois embriões. A princípio, esses irmãos deveriam ser idênticos de cabo a rabo. Mesmo assim, a papiloscopia - ciência que estuda as linhas das mãos e dos pés - diz que as impressões digitais dos univitelinos podem até seguir a mesma fórmula, mas nunca serão iguais. "A digital muda de dedo para dedo, de mão para mão. Assim como não existem duas zebras com o mesmo desenho, não existem duas pessoas com a mesma impressão digital", afirma José Luiz Lopes, papiloscopista e presidente da Associação Brasiliense de Peritos Papiloscopistas (Asbrapp).



Como explicar o mistério então? A chave está no contato dos dedos dos fetos com o ambiente intra-uterino. Como estão em posições ligeiramente diferentes na barriga da mãe, eles travam contato com ambientes distintos. É por isso também que, na hipótese da existência de clones no futuro, estes também teriam impressões digitais diferentes das da pessoa clonada. A diversidade das digitais está nas papilas, aqueles minúsculos sulcos e relevos que formam desenhinhos na camada mais externa da pele, a epiderme. São, em média, 36 papilas por milímetro quadrado. Elas se dividem em inúmeras ramificações, bifurcações, desvios, interrupções e orifícios. Tal complexidade faz com que muitos peritos considerem o método de identificação pelas digitais até mais preciso do que o exame de DNA. Esse teste, afinal, não funcionaria para separar um gêmeo idêntico do outro.



Disponivél:http://mundoestranho.abril.com.br/saude/pergunta_286697.shtml. Acessado em: 09/07/10 ás 23h15.

Genes de gêmeos idênticos não são iguais


por Anne Casselman

Não tão idênticos: eles parecem iguais, mas seus genes podem revelar diferenças fundamentais.

Gêmeos idênticos são exatamente iguais, certo? Afinal, eles vêm de um único óvulo fertilizado, que contém um grupo de instruções genéticas, ou genoma, formado a partir da combinação dos cromossomos do pai com os da mãe.

Mas a experiência mostra que gêmeos idênticos raramente são completamente iguais. Até pouco tempo, quaisquer diferenças entre gêmeos eram atribuídas em grande parte a influências do ambiente (também conhecidas como “criação”). No entanto, um estudo recente contradiz essa crença.

O geneticista Carl Bruder, da University of Alabama em Birmingham, e seus colegas compararam os genomas de 19 duplas de gêmeos idênticos adultos. Em alguns casos, o DNA de um gêmeo era diferente daquele de seu irmão em vários pontos do genoma. Nesses locais de divergência genética, um tinha um número diferente de cópias do mesmo gene, um estado genético denominado variantes do número de cópia (ou CNVs, na sigla em inglês).

Normalmente, as pessoas carregam duas cópias de cada gene, uma herdada do pai e outra da mãe. “No entanto, há regiões no genoma que não correspondem a essa regra, e é aí que aparecem as variantes do número de cópia”, explica Bruder. Essas regiões podem carregar de zero a até mais de 14 cópias de um gene.
Há muito tempo os cientistas vêm usando gêmeos para estudar os papéis da natureza e da criação na genética humana, e como cada um deles influencia o desenvolvimento de doenças, o comportamento e transtornos em geral, como a obesidade. No entanto, as descobertas de Bruder indicam uma nova maneira de estudar as raízes genéticas e ambientais das doenças.

Um gêmeo no estudo de Bruder, por exemplo, não tinha alguns genes em certos cromossomos, o que indicava risco de leucemia, doença da qual ele realmente sofria. Já outro irmão era saudável.

Assim, Bruder acredita que as diferenças entre gêmeos idênticos podem ser usadas para identificar regiões genéticas que coincidem com determinadas doenças. Em seguida, ele pretende examinar amostras de sangue de duplas de gêmeos nas quais apenas um sofre de asma ou psoríase, para ver se consegue encontrar as mudanças no número de cópias de um gene que estejam relacionados a dessas doenças.

O resultado também pode colocar em cheque muitas descobertas de estudos anteriores com gêmeos, que estabeleceram que gêmeos idênticos eram realmente iguais, ressalta Bruder. “É muito improvável que essa equipe vá conseguir mudar significativamente qualquer um dos resultados até agora”, critica Kerry Jang, fisiologista da University of British Columbia em Vancouver, que lidera o maior estudo com gêmeos no Canadá. “Podemos ajustar nossos modelos para levar as diferenças genéticas em conta da mesma maneira que os ajustamos para diferenças de ambiente”.

A descoberta dessa variação genética traz esperança para uma questão obscura, porém pertinente, no caso de um suspeito criminal que é um gêmeo idêntico. “Se um gêmeo é suspeito e seu irmão não pode ser encontrado, então o júri muitas vezes não tem a capacidade de decidir se ele é culpado sem dúvida nenhuma”, em casos baseados em provas com DNA, explica Frederick Bieber, patologista da Harvard Medical School.
“Se a questão dos gêmeos aparece em uma investigação criminal, pode ser que existam CNVs que diferenciem os irmãos, ajudando a saber qual dos dois está realmente envolvido”, diz Bieber.

Como existem 80 pares de gêmeos idênticos de criminosos só no banco de dados do estado da Virginia, nos Estados Unidos, isso pode não ser uma questão tão insignificante assim. E essa variação genética também vale para a população em geral.

Bruder especula que essa variação é um acontecimento natural que se acumula com a idade em todas as pessoas. “Acredito que o genoma com o qual você nasce não o mesmo com o qual você more – pelo menos não para todas as células no organismo”, afirma.

Charles Lee, geneticista do Brigham and Women’s Hospital in Boston, concorda. Variações genéticas podem aparecer depois que uma fita dupla de DNA se quebra, ao ser exposta à radiação ionizadora ou a carcinogênicos. “É um alerta para tomarmos conta do ambiente, já que ele pode alterar nosso genoma”, diz.

Além disso, essas variações podem prever doenças relacionadas à idade. Lee completa: “À medida que você envelhece, as chances de ter um rearranjo genômico que provoca uma certa doença são cada vez maiores”.


As diferenças entre gêmeos idênticos aumentam com a idade, já que mudanças desencadeadas pelo ambiente se acumulam. Mas, de acordo com o estudo de Bruder, os gêmeos também começar suas vidas já diferentes, o que colocam em cheque até mesmo esse termo. “Talvez não devêssemos chamá-los de gêmeos idênticos, mas de gêmeos de um único óvulo”, afirmar Bieber.


Disponivél:http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/genes_de_gemeos_identicos_nao_sao_iguais_imprimir.html.
Acessado em:09/07/10 ás 23:02.

Entenda a criação da célula sintética

A bactéria controlada por um genoma artificial é o primeiro passo para a criação de formas de vida artificiais.

“Viver, errar, triunfar, criar vida a partir da vida”. Esta frase de James Joyce está literalmente inserida no código genético de uma pequena célula chamada Mycoplasma mycoides JCVI-syn 1.0, o primeiro organismo que vive com um DNA completamente montado em laboratório. E não foi por acaso.
O feito, aconteceu graças a um trabalho de 15 anos, 40 milhões de dólares e uma equipe de 20 pessoas, capitaneada por Craig Venter, o responsável pelo seqüenciamento do genoma humano, há dez anos. Embora seja tentador rotulá-lo como a criação de vida artificial, ainda não é o caso: o DNA, embora montado em laboratório, é o de uma espécie, Mycoplasma mycoides, e foi inserido em outra espécie, a Mycoplasma capricolum. É como se, em vez de pegar um livro de instruções já existente, a equipe de Venter redigitou todos seus capítulos, colocando umas alterações aqui e ali (como o trecho de Joyce acima e um endereço de website) para diferenciá-lo do DNA natural da célula.
Daí veio a novidade: depois de algum tempo, as células de M. capricolum começaram a ler as novas instruções, e iniciaram a produção das proteínas da M. mycoides, se comportando e aparentando ser a própria. Para todos os efeitos, ela tinha se transformado em uma Mycoplasma mycoides.

A vida que veio do computador: como os cientistas criaram a célula sintética.
A analogia com computadores, que Venter usou em uma coletiva de imprensa, também é válida: o “sistema operacional” de fábrica da bactéria foi trocado por outro, criado em laboratório, e ela começou a se comportar como o novo software mandava. Ainda assim, é vida a partir da vida, e não vida a partir do zero.
Aplicações e implicações
Venter acredita que este avanço tenha aplicações práticas bem interessantes. “É um conjunto de ferramentas bastante poderoso: podemos produzir vacinas de forma bem mais rápida do que atualmente, e criar algas unicelulares que podem capturar dióxido de carbono e transformá-lo em combustível, como diesel e gasolina,” afirmou durante a coletiva. Contou já ter acordos com Novartis e Exxon Mobil para ambas as pesquisas.
As implicações éticas também estão ali. Embora Venter tenha submetido todo o trabalho a comissões de bioética, o estudo com certeza faz repensar na definição de vida. “Temos uma oportunidade inédita para pensar na origem da vida, e ver como um genoma realmente funciona,” escreveu em artigo na Nature Mark Bedau, professor de filosofia do Reed College, nos Estados Unidos. Steen Rasmussen, da Universidade do Sul da Dinamarca, escreveu na mesma revista: “... construir vida usando materiais e designs diferentes vai nos ensinar mais sobre sua natureza do que reproduzir formas de vida tais quais como as conhecemos”. O primeiro passo está dado.

Disponível:http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/entenda+a+criacao+da+celula+sintetica/n1237629176220.html. Acessado em: 09/07/10 ás 22:41.

Termoscópio

Termoscópio é um instrumento inventado por Galileu Galilei em 1592, era composto por uma esfera oca de vidro à qual estava conectado a um tubo também de vidro e permite avaliar qualitativamente o aumento ou a diminuição de temperatura, por meio do deslocamento de substância termométrica no interior do tubo capilar. Devido a pressão atmosférica atuante sobre a superfície da água, esta sobe pelo tubo formando uma coluna d’água. Aquecendo o bulbo com a mão, o ar expandirá, empurrando a água para baixo. O aparelho de Galileu não possuía graduação em forma de escala. A medida da temperatura era feita pelo acompanhamento das variações da altura da coluna d’água.

Disponivél em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Termosc%C3%B3pio. Acessado em:09/07/10 ás 18:03.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

OS GENES DA DÚVIDA

Exames que podem traçar o destino da saúde humana reativam no meio científico a discussão ética sobre o tema e provocam dois efeitos antagônicos - a perspectiva de terapias mais eficientes contra o câncer e o preconceito social
Imagine poder descobrir se daqui a 10 anos você vai ter algum tipo de câncer, diabetes ou mal de Alzheimer. Fazer um teste(1)genético para detectar alguma doença parecia uma ideia de ficção científica, mas está cada vez mais perto da realidade. Com a sentença de um resultado positivo, além do susto inicial e da força de vontade para enfrentar um longo caminho de prevenção, podem chegar outras consequências. Para começar, o empregador pode não querer arcar com os custos de um funcionário com pouca saúde ou a companhia de seguros aumentaria em dobro um plano para um doente em potencial. A inovação da medicina causa polêmica entre especialistas e deve trazer à tona uma nova forma de discriminação.


Com apenas US$ 30 dólares, é possível escolher um kit genético na farmácia e fazer o teste em casa. Essa é a proposta da empresa farmacêutica americana Walgreens. O processo é simples, basta o comprador seguir as instruções da bula para coletar uma amostra da saliva, colocar o material em um envelope padrão e enviá-lo para um dos laboratórios da companhia para análise. O exame promete revelar se as pessoas têm predisposições para diversas doenças. O produto ainda não chegou às prateleiras porque foi barrado pelo órgão regulador do governo norte-americano, o Food and Drug Administration (FDA).


Para o especialista em discriminação genética, doutor em ciências da saúde e professor da Universidade de Brasília (UnB) Cristiano Guedes, o acesso ao teste não é sinônimo de segurança, muito menos de garantias de prevenção ou tratamento. “Os exames sem respaldo do atendimento e do aconselhamento médico não fazem sentido. A informação nem sempre é bem-vinda. Ela pode ser uma sentença, principalmente quando não se tem tratamento para a doença e isso pode causar preocupações, depressão e mudar a vida de alguém”, analisa o pesquisador.


Complicações


O fácil acesso ao exame genético também pode desencadear uma série de preconceitos. Na hora de arrumar um emprego, o candidato pode ter que apresentar não apenas o histórico médico como o futuro. Um seguro de saúde pode sair muito mais caro para o recém-nascido que pode ter diabetes em 30 anos. “Acreditar muito na profecia genética pode enterrar muitas carreiras. Existe o caso, por exemplo, do jogador Lassana Diarra, que foi afastado da seleção francesa antes da Copa do Mundo, depois que um exame apontou uma anemia falciforme. É uma má-formação genética, mas sem dados concretos e isso acabou com o sonho dele de jogar no mundial”, explica Cristiano.


Nos Estados Unidos, uma lei, aprovada em 2008 protege o cidadão americano de sofrer algum tipo de discriminação baseada em informações genéticas, principalmente por parte de empregadores e por companhias de seguro de saúde. Para a especialista Karen H. Rothenberg, professora do Departamento de Direito da Universidade de Maryland, uma reforma na legislação pode servir como uma proteção para outros países, como o Brasil.


“Com o aumento do interesse pela informação e testes genéticos, o primeiro passo é garantir a proteção jurídica. Acredito que vamos ter uma questão de existencialismo onde o grande desafio será ver como as famílias e a comunidade vão colocar essa informação sobre a saúde delas em seu ambiente”, disse a pesquisadora ao Correio, por e-mail.


1 - Expectativa


A indústria farmacêutica também deve lançar no mercado testes genéticos para descobrir incompatibilidade com substâncias como cafeína, medicamentos que combatem o colesterol, anticoagulante varfarina e tamoxifeno utilizado para combater o câncer de mama. A grande polêmica é sobre um exame para casais poderem descobrir se eles são portadores ou não de 23 variações genéticas que predispõem os filhos a doenças hereditárias, como a talassemia (um tipo de anemia) ou a ter os rins policísticos; predisposição a leucemia, esclerose múltipla e doenças cardiovasculares.


Prevenção polêmica de doenças


No Brasil, um projeto de lei(1) que discorre sobre o tema (o de n° 4610) — elaborado em 1998 — ainda tramita no Congresso Nacional. O texto passou por diversas comissões, foi modificado e agora espera para ser votado em plenário. “Esse assunto é pouco explorado no nosso país. É preciso ter clareza e responsabilidade quando o tema é genético. A ciência pode disponibilizar a tecnologia e ajudar a prevenir doenças, mas se os resultados forem deturpados, o benefício é nulo”, comenta o professor Cristiano Guedes.


Na ficha médica de Virgínia Duarte de Aguiar, 38 anos, há várias histórias de câncer de mama na família, como ocorreu com a avó, a mãe e a tia. Dois tios também lutaram contra a neoplasia, no intestino e na pele. Mesmo que ainda não tenha atingido a idade recomendada, 40 anos, para fazer um exame de mamografia, ela teve a primeira experiência esse ano. “Geralmente, quando conto o meu histórico aos médicos, eles se preocupam. Sigo as recomendações e faço a prevenção. Mas procuro não me fixar muito nisso, senão a gente enlouquece, sabe? Tento levar um vida normal, não ficar muito encucada, mesmo porque, a cada dia que passa, vejo que essa é uma doença muito emocional”, conta a funcionária pública.


O teste genético pode criar uma demanda pela necessidade de saber o futuro e uma grande expectativa que pode pautar a vida de todos, segundo a antropóloga do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, Débora Diniz (Anis). “É óbvio que todos nós vamos morrer, mas uma má formação genética se torna sentença. Essa pode ser uma das formas mais perversas de discriminação porque seremos definidos por nossos genes e não deve ser assim. E o pior: não temos dispositivos para colocar um freio nisso”, comenta a especialista.


Para os especialistas, apenas o DNA não pode definir o destino de cada um. “Você não é fruto do genótipo, o ambiente onde você vive, a sua alimentação e estilo de vida também podem influenciar. Você pode se aproveitar de um diagnóstico, porém não existem garantias”, comenta Cristiano.


Se tivesse acesso a um teste genético que indicasse se ela teria um câncer ou não no futuro, Virgínia faria sem hesitar. “Gostaria de saber, me preparar. De repente, mudar o ritmo de vida, participar de algum estudo científico. Fico impressionada como a medicina evolui e, quem sabe, eles não encontrarão a cura ou alguma forma de prevenção com esses testes”, indaga a funcionária pública.


Com apenas 27 anos, Ana Paula Faria viu mãe e uma tia sofrerem com câncer de mama e a avó com um de intestino. Assim como Vírginia, ela também gostaria de fazer o teste, mas com algumas ressalvas. “Só faria um exame se ele tivesse um respaldo científico muito forte e se a minha médica aprovasse. Ele pode ter uma probabilidade funcional e isso me impulsionaria a criar formas de evitar a doença”, comenta a técnica de laboratório.


1 - Discriminação


O projeto de lei n° 4.610, que ainda espera na fila de votação em plenário, na Câmara dos Deputados, define os crimes resultantes de discriminação. O texto alerta que a realização de testes genéticos só é permitida com finalidades médicas ou para pesquisa com o aconselhamento de um profissional habilitado. A pena para quem “negar cobertura por seguro de qualquer natureza com base na informações genéticas” é de detenção de três meses a um ano e multa.

Disponivél em:

sábado, 3 de julho de 2010

ABRACE O COLEGA AO LADO

Abrace o colega ao lado
Não, não é discurso religioso nem palestra de autoajuda. É um pedido de Tiffany Field, diretora do Instituto de Pesquisas do Toque da Universidade de Miami. Segundo ela, o contato físico faz maravilhas por sua saúde física e mental. Pode reduzir depressão, estresse e agressividade. E até mesmo combater o câncer
Como o toque pode melhorar nossa saúde?
Vamos começar pela conclusão do estudo mais revolucionário: uma simples massagem é capaz de ajudar nosso sistema imunológico. A ponto de fortalecer o corpo contra o câncer.


Como?
A massagem aumenta o número de células conhecidas como NK [sigla para natural killers, inglês para "assassinas naturais"]. Elas são responsáveis pelo combate do corpo contra infecções virais e células cancerosas. Descobrimos isso em 2005, em um estudo com mulheres que sofriam de câncer de mama. Aquelas que tinham passado por terapia com massagem tiveram aumento no nível de células NK e de linfócitos [células decisivas na defesa do organismo] durante o período do estudo. Isso mostra a importância da massagem como terapia complementar às já usadas contra o câncer.


Que outras doenças o contato físico combate?
Pode ajudar a reduzir depressão e ansiedade. Não é à toa que as pessoas ficam mais felizes e relaxadas quando abraçam amigos. Ou que vendedores dão tapinhas nas nossas costas para tentar vender um produto mais caro. Quando estimulamos receptores de pressão sob a pele, o coração desacelera. A pressão sanguínea diminui, assim como a liberação de hormônios que causam o estresse.


Quer dizer que manter contato físico traz felicidade?
Dá para dizer que ficamos mais alegres, menos irritados. Até mesmo menos agressivos. Crianças que têm menos contato físico com amigos e parentes podem se tornar adultos mais violentos, segundo pesquisas. Como acontece com macacos: se forem privados do toque quando pequenos, acabam matando uns aos outros.


Isso vale para qualquer lugar?
Porque a cultura do contato físico é diferente no mundo. Indianos andam de mãos dadas, argentinos se beijam no rosto As diferenças culturais nos mostram justamente o efeito do contato físico. Nos EUA, existe um tabu contra o toque. Escolas pedem que professores não encostem em seus alunos, por medo de acusações de abuso sexual. Claro que qualquer toque mal-intencionado deve ser reprimido. Mas as pessoas precisam do contato físico dos colegas. Testamos isso comparando um grupo de jovens de Miami a outro de jovens de Paris. Os americanos passavam menos tempo cumprimentando, abraçando e beijando seus colegas do que os franceses - e demonstraram um nível maior de agressividade física e verbal.


Uma massagem caseira pode fazer milagre, então?
Pode melhorar muito a saúde mental e física. Basta massagear movendo a pele da pessoa, sem usar força ou leveza demais. Esfregue, amasse, dê batidas - mas sempre com moderação. Para grávidas, por exemplo, esse ritual reduz as chances de um parto prematuro, por causa da redução do nível dos hormônios do estresse. Por isso, encorajamos as famílias a usar a massagem sempre que possível.


Disponivél em:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/instituto-pesquisa-toque-universidade-miami-entrevista-diretora-saude-fisica-saude-mental-557069.shtml. Acessado em: 03/07/10 ás 18:47